Ministério do Interior é pressionado a retomar análise de pedidos de asilo sírios

Ministros do Reino Unido enfrentam pressão para retomar a análise de pedidos de asilo de sírios, com mais de 7.000 pessoas ainda aguardando decisões. O governo suspendeu a avaliação desses pedidos em dezembro, após a queda do regime de Bashar al-Assad. Mais de cinco meses depois, a incerteza persiste para os sírios no país.

Organizações como o Refugee Council alertam que a pausa deixou muitos em "limbo indefinido". O governo justificou a suspensão como uma medida necessária para avaliar a situação atual na Síria, onde a instabilidade continua. Um porta-voz do Ministério do Interior afirmou que não há informações objetivas suficientes para avaliar os riscos de retorno.

Até o final de março, 7.386 sírios aguardavam uma decisão inicial sobre seus pedidos de asilo. A queda do regime de Assad, em dezembro, foi resultado de uma ofensiva liderada pelo grupo militante Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que ainda é considerado uma organização terrorista pelo Reino Unido. Apesar da mudança de governo, muitos sírios ainda temem retornar devido à presença de grupos militares.

A quantidade de pedidos de asilo sírios caiu em 81% após a suspensão, mas 299 sírios chegaram ao Reino Unido em pequenas embarcações nos primeiros três meses de 2023. Enquanto aguardam decisões, os solicitantes não têm direito ao trabalho e dependem de apoio governamental para moradia e necessidades básicas.

Jon Featonby, analista do Refugee Council, destacou que a situação não apenas mantém os sírios em espera, mas também gera custos para os contribuintes, já que muitos estão alojados em acomodações financiadas pelo governo. Mais de 5.500 sírios estavam em alojamentos do governo até o final de março, com 2.130 em hotéis, que o governo prometeu descontinuar para solicitantes de asilo.

A nova administração síria firmou um acordo com as Forças Democráticas Sírias (SDF), reconhecendo a minoria curda, mas muitos, como Azadi, um sírio curdo que chegou ao Reino Unido em junho de 2023, expressam desconfiança em relação ao novo governo. Azadi, que aguarda uma decisão sobre seu pedido de asilo, afirmou que a situação na Síria continua insegura e que ele não tem condições de retornar.

Leen Albrmawi, que chegou ao Reino Unido em outubro de 2019, viu sua vida desmoronar após a pausa nas decisões. Ela perdeu a oportunidade de estudar devido à falta de status permanente e teme perder seu emprego. A incerteza sobre o futuro continua a afetar os sírios no Reino Unido, que esperam por uma solução para seus pedidos de asilo.