A verdade sobre a magistratura: desafios, riscos e a luta por justiça no Brasil

A desinformação tem se tornado uma ferramenta eficaz contra o Estado Democrático de Direito, especialmente no contexto do Judiciário brasileiro. Dados do CNJ revelam que, até novembro de 2024, foram protocoladas 35,6 milhões de novas ações, enquanto 40,8 milhões de processos foram julgados, evidenciando que os juízes estão lidando com uma demanda crescente e resolvendo mais casos do que recebem. Essa realidade contrasta com a narrativa de que a Justiça é ineficaz e privilegia juízes, ignorando os desafios estruturais, como a escassez de servidores e as condições de trabalho precárias.

A produtividade dos magistrados cresceu 6,9% em 2023, com cada juiz julgando, em média, 8,2 processos por dia. Apesar das adversidades, como apontou a pesquisa do CPJ da AMB, 50% dos juízes já enfrentaram ameaças à sua integridade física, especialmente aqueles que atuam em casos de crime organizado e corrupção. Essa pressão não é apenas estatística; juízes ameaçados precisam mudar suas rotinas e viver sob escolta, o que impacta diretamente sua saúde mental.

A pesquisa também revelou que 77% dos juízes sentem que o estresse aumentou desde o início de suas carreiras, e 51% já buscaram tratamento médico ou psicológico devido às pressões do trabalho. O cotidiano dos magistrados envolve não apenas decisões legais, mas também uma carga emocional intensa, refletindo as vidas das partes envolvidas nos processos. Essa realidade é frequentemente ignorada no debate público, que tende a focar em números descontextualizados.

Os ataques à credibilidade do Judiciário visam desumanizar juízes, reduzindo-os a burocratas e minando a confiança da sociedade na Justiça. Frederico Mendes Júnior, presidente da AMB, defende que fortalecer a magistratura é essencial para a cidadania e que um Judiciário independente é fundamental para a proteção dos direitos. A narrativa que vilaniza juízes serve apenas aos interesses de quem deseja um sistema judicial incapaz de garantir justiça.