Saúde

Indústria de ultraprocessados ignora responsabilidade e transfere culpa ao consumidor

Estudo revela que 85,9% das políticas focam no consumidor, não na indústria. Influência de grandes empresas alimentícias afeta regulamentações globais. Regulamentações atuais não abordam fatores sistêmicos que favorecem ultraprocessados. Comparação com tabaco: mudanças efetivas exigem foco na indústria, não no consumidor. Aumento do IVA em bebidas açucaradas reduziu consumo em lares de baixa renda.

"Produtos ultraprocessados em diferentes prateleiras de um supermercado. (Foto: ÓSCAR CORRAL)"

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Os ultraprocessados são definidos como preparações industriais que não devem ser consideradas como alimentos, mas sim como produtos que estimulam o apetite de maneira artificial. Exemplos incluem nuggets, pizzas, hamburgueres e cereais. O autor Michael Moss, em seu livro "Adictos a la Comida Basura", destaca que as empresas têm aumentado intencionalmente os níveis de sal, açúcar e gordura para torná-los mais viciantes. Um estudo de 2019 revelou que esses produtos representam 70% da dieta média dos americanos, correlacionando seu aumento com o crescimento de doenças como obesidade, diabetes tipo 2 e câncer de cólon.

Diversos países têm implementado legislações para limitar o consumo de ultraprocessados, mas sem sucesso significativo. Um estudo publicado na revista Nature Food analisou 417 medidas em 105 países, incluindo a Espanha, e concluiu que 85,9% das intervenções focam em modificar o ambiente alimentar, como medidas informativas. Na Espanha, o uso do semáforo nutricional desde 2018 é um exemplo. No entanto, a maioria das ações depende de acordos voluntários com as empresas, sem abordar os fatores econômicos e políticos que impulsionam a produção desses alimentos.

A Agência da ONU para a Alimentação alertou que a globalização tem exacerbado o problema dos ultraprocessados, com a obesidade mundial quase dobrando nos últimos 20 anos. Em supermercados, seis em cada dez produtos são ultraprocessados, e a publicidade e o estilo de vida acelerado contribuem para essa realidade. Embora as advertências nos rótulos tenham aumentado, um estudo da Cochrane mostrou que a informação calórica teve um impacto modesto na mudança de hábitos alimentares na Inglaterra, com uma redução média de apenas 1,8% nas calorias consumidas.

A especialista Tanita Northcott ressalta que a regulação deve ir além da responsabilidade individual e focar na indústria, comparando a situação atual com as primeiras medidas contra o tabaco. Um estudo de 2024 revelou que grandes empresas de alimentos, como Nestlé e Coca-Cola, exercem influência significativa nas políticas alimentares. Northcott enfatiza que, para combater o domínio dos ultraprocessados, é necessário implementar políticas sistêmicas que abordem as práticas da indústria, assim como foi feito com o tabaco.

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