Saúde

Composto da planta canela-seca se destaca no combate à leishmaniose visceral

Estudo revela que composto da Nectandra leucantha combate Leishmania infantum. Nova molécula tem meia vida plasmática de 21 horas, facilitando testes em animais. Pesquisa é resultado de colaboração entre Brasil, Reino Unido e Portugal. Fármacos para leishmaniose são raros devido ao desinteresse das farmacêuticas. Leishmaniose visceral pode ser fatal, com até 50 mil mortes anuais globalmente.

MOSQUITO PALHA - Vetor: inseto transmite parasita responsável pela leishmaniose visceral (Foto: Latinstock/VEJA/VEJA)

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Pesquisadores brasileiros, ingleses e portugueses identificaram um composto derivado da Nectandra leucantha, conhecido como canela-seca, com potencial para tratar a leishmaniose visceral, uma doença endêmica em países pobres, incluindo o Brasil. A pesquisa, publicada na revista Antimicrobial Agents and Chemotherapy, demonstrou que a substância é capaz de eliminar o parasita Leishmania infantum de forma seletiva, sem prejudicar as células do hospedeiro.

O estudo começou com a síntese de um composto chamado desidrodieugenol B, isolado pelo professor João Lago da Universidade Federal do ABC. O professor Edward Anderson, da Universidade de Oxford, colaborou na criação de um protótipo para desenvolver novas versões da molécula. O pesquisador André Gustavo Tempone, do Instituto Butantan, destacou que a equipe conseguiu uma molécula quatro vezes mais potente, mas os testes em roedores mostraram que ela circulava no organismo por menos de dez minutos, limitando o progresso da pesquisa.

Após várias otimizações químicas, a equipe, incluindo a aluna Maiara Amaral, conseguiu uma nova molécula com meia-vida plasmática de 21 horas, permitindo que o composto circulasse no organismo dos ratos por um período cem vezes maior. Os testes mostraram que a nova substância era eficaz contra Leishmania infantum e segura para as células hospedeiras, além de apresentar atividade anti-inflamatória, essencial para o tratamento da doença.

Os cientistas planejam avançar com estudos em roedores infectados para avaliar a eficácia do composto e as doses necessárias. Embora a meta seja desenvolver um novo medicamento, o processo pode levar cerca de 15 anos devido aos rigorosos protocolos de segurança. Tempone enfatizou a importância desse trabalho, já que as grandes farmacêuticas geralmente não investem em doenças negligenciadas, como a leishmaniose visceral, que pode levar à morte de até 100% dos infectados se não tratada. Anualmente, entre 20 mil e 50 mil mortes são registradas mundialmente devido à doença.

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