01 de jun 2025
Cigarros eletrônicos podem causar dependência maior que o cigarro convencional
Estudo revela que usuários de vapes podem ter níveis de nicotina até seis vezes maiores que fumantes, elevando riscos à saúde.
O cigarro eletrônico, ou vape, pode ser até mais prejudicial do que o cigarro comum, indica pesquisa brasileira. (Foto: Chanakon/Adobe Stock)
Ouvir a notícia:
Cigarros eletrônicos podem causar dependência maior que o cigarro convencional
Ouvir a notícia
Cigarros eletrônicos podem causar dependência maior que o cigarro convencional - Cigarros eletrônicos podem causar dependência maior que o cigarro convencional
Um estudo do Instituto do Coração (InCor) revela que usuários de cigarros eletrônicos, conhecidos como vapes, podem ter níveis de nicotina até seis vezes superiores aos fumantes de cigarros convencionais. A pesquisa, realizada em parceria com a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), analisou amostras de saliva de quatrocentas e dezessete pessoas em diversos locais públicos.
Os resultados mostram que usuários com alta dependência de vapes apresentam, em média, 435 nanogramas de nicotina no organismo após um ano de uso. Para comparação, esse nível é superior ao de fumantes que buscam tratamento após vinte e cinco anos fumando vinte cigarros por dia. A cardiologista Jaqueline Scholz, coordenadora da pesquisa, destaca que a nicotina pode aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial, elevando o risco de doenças cardíacas e problemas respiratórios.
A pesquisa também revelou que 219 nanogramas de nicotina foram encontrados em usuários com dependência leve, enquanto aqueles com dependência moderada apresentaram 201 nanogramas. Em casos isolados, os níveis de nicotina foram até seis vezes maiores que os de fumantes convencionais. Além disso, ex-fumantes que agora usam vapes têm uma média de 450 nanogramas de nicotina, sugerindo que muitos aumentam o consumo ao trocar o cigarro convencional pelo eletrônico.
Percepção e Realidade
Outro ponto importante é a discrepância entre a percepção dos usuários e a composição real dos produtos. Entre aqueles que afirmaram usar vapes "sem nicotina", cinquenta e seis por cento estavam expostos à substância sem saber. A pesquisa também identificou que quarenta por cento dos usuários começaram a usar vapes por curiosidade, enquanto dezessete vírgula oito por cento o fizeram como método para parar de fumar.
Os dados indicam que o uso de vapes pode encurtar o tempo para o surgimento de doenças relacionadas ao tabagismo. Jaqueline Scholz alerta que já foram observados casos de infarto em jovens de vinte anos. A pesquisa também revelou que dezessete vírgula nove por cento dos participantes relataram ter alguma condição de saúde, sendo a asma a mais comum.
O estudo, que foi apresentado no InCor, destaca a necessidade de atenção ao crescente uso de cigarros eletrônicos no Brasil, onde mais de três milhões de adultos consomem esses dispositivos. O aumento de seiscentos por cento no consumo nos últimos seis anos é alarmante, e a cardiologista enfatiza que os vapes podem ser mais prejudiciais do que se imagina.
Perguntas Relacionadas
Comentários
Os comentários não representam a opinião do Portal Tela;
a responsabilidade é do autor da mensagem.