Amizades desequilibradas: como lidar com os ‘amigos eu, eu, eu’ na conversa

Mónica P., uma comercial, descreve como percebe que um amigo, ao perguntar como ela está, na verdade busca apenas falar sobre si mesmo. Esse comportamento, denominado boomerasking pela jornalista Alison Wood Brooks, reflete uma falta de interesse genuíno. Brooks explica que esses "amigos eu, eu, eu" fazem perguntas, mas logo desviam a conversa para suas próprias experiências, sem realmente ouvir o outro. Mônica relata que, ao tentar compartilhar suas dificuldades, é constantemente interrompida, o que a faz sentir que não pode expressar seus problemas.

Alba Cardalda, autora de "Como deixar de ser seu pior inimigo", observa que é natural que amigos em momentos difíceis precisem de apoio e que a conversa se concentre neles. No entanto, ela alerta que, se isso se torna um padrão, é essencial equilibrar a empatia com a expressão das próprias necessidades. Cardalda sugere que, após ouvir um amigo, é saudável redirecionar a conversa para permitir que ambos compartilhem suas emoções, promovendo um espaço de apoio mútuo.

Alicia González, autora de "Parejas melhores", diferencia amigos que não percebem seu comportamento egoísta daqueles que o fazem intencionalmente. Os primeiros estão imersos em suas próprias preocupações, enquanto os segundos priorizam suas necessidades emocionais. González recomenda observar como esses amigos reagem quando tentamos compartilhar algo importante, pois isso pode indicar se estão cientes de seu comportamento ou não.

Por fim, é crucial que as amizades sejam mantidas com reciprocidade, comunicação e limites. Se um amigo não responde ao feedback sobre o desequilíbrio na conversa, pode ser necessário reavaliar a relação. A amizade deve ser um espaço de conforto e apoio mútuo, e, se isso não ocorrer, pode ser hora de reconsiderar a continuidade dessa conexão.